"A fundamental discussão que destaca o futuro do jornalismo impresso muito provavelmente deixará dois grupos em lados opostos: em um canto, os que acreditam que vender o conteúdo nos sites é a única forma de rentabilizar o negócio e alavancar as receitas combalidas pela fuga publicitária; de outro, aqueles que acreditam que são possíveis novas formas de relacionamento com os leitores, que continuariam tendo acesso livre às páginas na internet e pagariam para ter as notícias em outras plataformas, como os celulares.
No segundo grupo, está Alan Rusbridger, editor-chefe do conceituado jornal britânico ‘The Guardian’, que nos últimos meses tem destacado generoso espaço de seu conteúdo para debater os novos modelos de receita para o jornalismo. Nesta terça-feira, o executivo proferiu uma palestra na London College of Communication e mostrou que sua posição é oposta a do magnata Rupert Murdoch, dono do conglomerado News Corporation, e de publicações como ‘Financial Times’ e ‘The New York Times’. O segundo anunciou para o início de 2010 um modelo de cobrança pelo conteúdo na web parecido com o exercido pelo primeiro.
“A cobrança é uma aposta, e a indústria de jornais poderia aprender lições valiosas tentando diferentes modelos de negócio, especialmente ligados a conteúdos especializados ou pedindo aos leitores que paguem por textos em outras plataformas, como os celulares”, comentou Rusbridger, criticando o discurso e as ações de Murdoch. “Ele flertou com modelos gratuitos e sempre reduziu o preço de seus jornais para conquistar o público e abater a concorrência. Agora, está falando da boca para fora que os leitores precisam pagar o preço justo pelo conteúdo, em papel e on-line”, prosseguiu.
Apesar de reportar perdas diárias na casa das 100 mil libras (R$ 295 mil) durante 2009, muito por conta da crise financeira mundial, e de ter anunciado um plano de reestruturação interna, o ‘The Guardian’ festejou, por exemplo, a venda de 70 mil aplicativos para iPhone a US$ 3,99 cada (R$ 7,2) desde o lançamento em dezembro. “Estamos ainda começando no universo dos celulares, que é fascinante, mas ainda desconhecido. Seria loucura se nos escondêssemos atrás de uma parede, como a da cobrança na web, achando que assim resolveríamos tudo”, salientou.
Com informações do site journalism.co.uk."
Nenhum comentário:
Postar um comentário